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REGIMENTO-FAM                 PDI FAM VERSÃO V

      O planejamento é o ato de pensar antes de agir e propor objetivos. Desse modo, ao formularmos o plano institucional, projetamos nosso futuro, incorporando os interesses maiores da sociedade da qual somos parte e tomando por base as evidências da realidade. Entendemos que o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) é o resultado do pensar estratégico, no sentido assinalado por Dolce , para quem a estratégia diz respeito ao estabelecimento de caminhos para alcançar os objetivos almejados.
A adoção desse modo de caminhar pressupõe o reconhecimento da existência de uma dinâmica conflituosa, com a presença de vários sujeitos na arena política e não apenas de um sujeito, onipotente, como ocorreria em um planejamento normativo. O “outro”, portanto, faz parte do nosso horizonte do planejamento estratégico.
Nessa perspectiva, procuramos contribuir, através da educação, para a concretização de uma mudança de mentalidade a partir da compreensão do homem em si, da sociedade e do universo, em seu constante renovar e remover-se, sempre a caminho de uma concepção multidimensional e globalizante, em que a pessoa torna-se sujeito.
Assim, a Faculdade Afonso Mafrense – FAM definiu os seus objetivos e formulou o seu projeto institucional, articulando o individual, o social e o universal, a qualificação técnico-formal e o desenvolvimento do homem ético, cônscio de sua existência social. Procuramos evidenciar o caráter de uma instituição sintonizada com o conhecimento universal, sem perder de vista o individual e o social, fundamentando no discurso de Morin .
Salienta Morin (2005) que a ciência clássica, além de impor ordem em toda a existência se fundamentou também na objetividade, ou seja, um universo constituído de objetos isolados submetido a leis objetivamente universais. Nesta visão, os objetos existem sem que o observador/conceituador participe da sua construção através das estruturas do seu entendimento. O objeto passou a ser uma entidade fechada, distinta, isolada e independente do seu entorno e de quem o observa. Quanto mais isolamos o objeto de pesquisa, melhor determinamos a sua realidade.
A descrição de todo objeto analisado implica sua decomposição, e seus elementos fundamentais ou simples. Ao longo do século XIX passa triunfar a ordem, o reducionismo, a objetividade e a separação do observador/observado. O mundo e tudo que nele existe foi desmembrado, esfarelado entre as disciplinas, pulverizando todas as informações. Ciência então passou a ser definida como processo de mutilação.
Morin (2005) ressalta que atualmente estamos passando por uma ruptura a partir do momento em que as partículas elementares constituintes dos átomos não são consideradas como objetos definíveis, identificáveis, mensuráveis, pois elas se agitam, dissociam, indeterminam sob o olhar do observador. Sua identidade é deslocada, dividida entre o estatuto de corpúsculo e o estatuto de onda. Sua substância se dissolve, e a estabilidade atômica se transforma em um delirante mingau subatômico de fótons, elétrons, nêutrons, prótons desintegram tudo o que entendemos por ordem, organização, evolução.
Descobre-se a existência de outras galáxias que vão virar milhões com trilhões de estrelas. O visível dá lugar ao extraordinário. A grande revolução não é descobrir que o universo se estende a distâncias incríveis e que ele contém estrelas desconhecidas e sim que o universo está em expansão, que esta expansão é uma dispersão, que esta dispersão é de origem explosiva e caótica sem nenhum princípio de ordem. As estrelas passaram a ser consideradas bombas de hidrogênio em câmara lenta, nascidas de uma catástrofe e cada estrela se explodirá cedo ou tarde. O cosmo queima e se decompõe. Galáxias nascem e morrem. Não temos mais um universo racional, ordenado e adulto.
O homem, a terra, o sol, a galáxia, ou um grupo de galáxias não podem ser considerados como centro, pois acabou todo conceito de centralidade, subordinação, hierarquia, ordem, pois tudo está imerso na desordem, ou seja, complexidade. A evolução não é mais progresso em ascensão. Ela deve ser ao mesmo tempo degradação e construção, dispersão e concentração. A ordem e a desordem devem ser pensadas juntas, ao mesmo tempo, em seus caracteres antagônicos bem conhecidos e seus caracteres complementares bem desconhecidos.
O ápice da grande revolução que estamos vivenciando ocorre quando se insere a subjetividade pura na análise decorrente da ideia de que as partículas elementares possuem suas raízes fora do tempo e do espaço, mostrando a existência de um universo que não pode ser racionalizado devido à ausência de espaço e tempo.
Morin (2005) salienta que todos os objetos-chave da física, da biologia, da sociologia, da astronomia, átomos, moléculas, células, organismos, sociedades, astros e galáxias passam a ser vistos como sistemas. O mundo é um arquipélago de sistemas no oceano da desordem. Tudo que era objeto tornou-se sistema. Tudo o que era uma unidade elementar (átomo) virou sistema. O universo é uma edificação de sistemas onde cada sistema é edificado uns sobre os outros, uns entre os outros, uns contra os outros, implicando-se e imbricando-se uns nos outros, com um grande jogo de concentrações, plasmas, fluidos do microssistemas circulando, flutuando, envolvendo as arquiteturas de sistemas. Assim sendo, o ser humano faz parte de um sistema social, no seio de um sistema ecossistema natural, que está no seio de um sistema solar, que está no seio de um sistema galáctico, constituído de sistemas celulares, que são constituídos de sistemas moleculares, que são constituídos de sistemas atômicos. Há nesse encadeamento sobreposição, confusão, superposição de sistemas e há necessária dependência de um em relação aos outros. A natureza é um todo polissistêmico. O encadeamento de sistemas de sistemas rompe com a idéia de objeto fechado e auto-suficiente.
O importante nesta revolução a qual estamos vivenciando é que o sistema, onde se relaciona ordem e desordem, não pode ser entendido ou compreendido através da racionalidade simplificada, mas por meio do afloramento de outras potencialidades humanas mais complexas. Morin (2005) entende por potencialidade complexa a percepção do produto global de interações e de interferências cerebrais inseparáveis de interações e interferências de uma cultura sobre o indivíduo.
Em síntese podemos dizer que estamos vivendo uma grande revolução epistemológica que está elaborando um novo ser humano; uma nova sociedade; um novo universo; um novo cotidiano e logicamente uma nova educação. O mais importante na revolução epistemológica é o movimento do docente e discente em direção ao pensamento complexo, mexendo nos conceitos, trabalhando os termos mais contraditórios sem perder as contradições, aceitando uma unidade altamente contraditória fazendo surgir um novo método.
O método de Morin (2005) envolve a consciência de nossa ignorância; a reorganização do nosso sistema mental; ausência de dogmatismo; concepção da finitude; ausência de hierarquia entre o micro e macro; pensamento hologramático; transcendência do realismo; eliminação da simplificação; improbabilidade; observador/observado e o sentido da evolução.
Consciência de nossa ignorância: devemos tomar consciência não da ignorância humana em geral, mas da ignorância escondida, enterrada no coração do nosso saber reputado como o mais certo. Agora nós sabemos que este saber é pouco conhecido, pouco conhecedor, ignorante de seu próprio desconhecido e de seu conhecido.
Reorganizar nosso sistema mental: o vital hoje em dia não é apenas aprender, não é apenas reaprender, não é apenas desaprender, mas reorganizar nosso sistema mental para reaprender a aprender.
Ausência de dogmatismo: devemos nos abrir a novos conceitos que vão permitir a concepção de uma nova visão para que possamos transcendê-la. Eliminar todo tipo de certeza, pois quando existe certeza não existe problema a ser pesquisado e toda investigação começa pela extinção da certeza. O pesquisador vivencia a incerteza, se alimenta de incerteza. A incerteza do pesquisador ataca até mesmo os fundamentos da lógica.
Concepção da finitude: Cedo ou tarde tudo se dissipará. O último astro se apagará e antes mesmo que haja um esgotamento da irradiação solar, a vida, nascida do lodo do planeta terra, vai se transformar em pó. Tudo que existe e todos os conceitos desaparecerão. Não existe conhecimento pronto e acabado.
Ausência de hierarquia entre macro e micro: não há pré-excelência em complexidade do macrossistema sobre o microssistema ou do microssistema sobre o macrossistema. Aquele que privilegia o uno (como princípio fundamental) desvaloriza o diverso; aquele que privilegia o diverso desvaloriza o uno. Toda valorização, seja do macro ou do micro deve ser superada. Eliminar toda cegueira reducionista e holística.
Transcender o reducionismo e o holismo: A concepção que se destaca aqui nos situa de imediato além do reducionismo e do holismo, indo para um princípio de inteligibilidade que integra a parte da verdade incluída em ambos: não deve haver aniquilamento do todo pelas partes, das partes pelo todo, importa então esclarecer as relações entre partes e todo, em que cada termo remete a outro, articulando o disjunto. Articular o que é fundamentalmente separado e o que deve estar fundamentalmente junto. O esforço recairá, então, não sobre a totalidade do saber de cada disciplina, mas sobre os conhecimentos cruciais, os pontos estratégicos, os nós de comunicação, as articulações organizacionais entre esferas separadas. Não mais podemos pesquisar fundamentando apenas em uma disciplina ,e sim, em eixos temáticos.
Reconhecer o não-racionalizável: respeitar e reconhecer o não-idealizável, o não-racionalizável, o que foge às regras. Nós precisamos de um princípio de conhecimento que não apenas respeite, mas revele o mistério das coisas.
Hologramático: cada célula de um organismo traz em si a informação genética de todo o organismo. O todo está nas partes e as partes estão no todo. A maior parte das informações do todo que está nas partes é reprimida pela própria parte que libera apenas a ínfima parte das informações do todo, somente exprime o mínimo das informações do todo. Devemos nos disponibilizar para que todas as informações retidas no micro sejam liberadas.
Transcender o realismo: a ideia de objeto é apenas um recorte, um pedaço, uma aparência, uma face, a face simplificante e unidimensional de uma realidade complexa que cria raízes ao mesmo tempo na organização física e na organização de nossas representações antropossocioculturais. O objeto não é apenas objeto é muito mais que um simples objeto. A origem das menores partículas provavelmente está além do espaço e do tempo.
Improbabilidade: a constituição de um núcleo de carbono exige a ligação de três núcleos de hélio em condições extraordinariamente improvável de temperaturas e encontro. Dois núcleos de hélio que se encontram, fogem um do outro em menos de um milionésimo de segundo. Somente se, em um tempo tão breve, aparecer para este par um terceiro núcleo de hélio é que haverá uma ligação do par, ligando-se também a este último núcleo, constituindo-se assim, a tríade estável do núcleo do carbono. O nascimento de um átomo de carbono só poderia resultar de um fabuloso acaso. A organização viva é extremamente improvável na sua origem.
Todo objeto, tudo que existe possui sua origem no acaso e não em uma lei ordenadora e positivada.
Observador/Observado: a observação microfísica ou a observação cosmofísica não podem ser dissociadas de seu observador. Todo conhecimento não está no objeto e sim no conceituador. Todo conhecimento está baseado na lógica do observador, de seu ponto de vista, seu desejo, seus medos, dos limites de seus conhecimentos, nas suas incertezas já que ele não sabe se é a sua incerteza que ele projeta no universo ou se é a incerteza do universo que chega à sua consciência.
Evolução: a evolução não pode mais ser uma ideia simples: progresso em ascensão. A ordem, a desordem, a potencialidade organizadora e desorganizadora devem ser pensadas juntas, ao mesmo tempo, em seus caracteres antagônicos bem conhecidos e seus caracteres complementares bem desconhecidos.
Observamos que o método proposto por Morin (2005) rompe totalmente com o paradigma da escola clássica e principalmente com a relação docente/discente. Diante da nova proposta metodológica, o docente deve transcender a postura epistemológica clássica e tentar compreender a nova visão.
O PDI apresentado a seguir procura refletir a metodologia indicada por Morin (2005) e também a realidade projetada por todas as comunidades existentes na Instituição, levando em consideração as circunstâncias, a conjuntura sócio-político econômica, as especificidades regionais, o conjunto de aptidões, habilidades e competências reunidas em cada segmento da Faculdade Afonso Mafrense – FAM , bem assim, as incontornáveis limitações de recursos e as expectativas das comunidades que nos circundam.